Banda Black Rio faz show em Petrópolis
Show no Theatro D. Pedro faz parte do projeto “1976 – Movimento Black Rio 40 anos”
Samba, soul, funk e jazz fusion dão o tom da noite desta sexta-feira (30/09) no Theatro D. Pedro, em Petrópolis, ao som da banda Black Rio. Comemorando uma trajetória de 40 anos de muita música, o grupo vai mostrar toda a sua bagagem de referências da black music em uma noite de puro swing. O show tem início às 20h, com classificação de 16 anos e entradas a partir de R$17.
O clima é de encontros musicais, com um verdadeiro mix de sons que são sinônimos de música brasileira, baile e ritmo irresistível. No palco do histórico teatro petropolitano, a Black Rio promete uma verdadeira gafieira que vai do samba a uma interpretação tupiniquim dos gringos jazz, soul e funk. No repertório, o som que deu forma a seis álbuns de estúdio, lançados entre 1977 e 2011, e que o público também vai reconhecer de participações em discos de Raul Seixas, Caetano Veloso e do “síndico” Tim Maia.
Não é para menos. A banda Black Rio é uma das mais importantes bandas brasileiras, especialmente quando o assunto é o resgate e o protagonismo dos ritmos que mais dialogam com a negritude do brasileiro. Em 1977 veio o primeiro disco, “Maria Fumaça” (Warner Music); já no ano seguinte, “Gafieira Universal”, considerado um dos melhores álbuns brasileiros de todos os tempos. Já no terceiro, de 1978, “Saci Pererê”, a Black Rio ganhou projeção internacional. Após um longo hiato, a banda retomou os trabalhos em 2000, quando lançou o CD “Movimento”. Já em 2002 saía “Rebirth”, disco lançado na Inglaterra. O sexto e mais recente lançamento veio em 2011, com “Super Nova Samba Funk”, em uma ambiciosa sonoridade que mantém a identidade do grupo, ao mesmo tempo em que traz novos elementos para uma música mais moderna, incorporando novas vertentes do jazz e até do rap. O lançamento foi feito pelo selo inglês FarOut Recordings e contou com participações especiais de luxo, como é o caso de Gilberto Gil e Elza Soares.
E que identidade é essa? Uma base de samba, funk e muito groove, acompanhada de arranjos encorpados com muitos metais e harmonizando com diferentes ritmos brazucas. O resultado é um som que ultrapassa as fronteiras do Rio, do Brasil e faz escola no trabalho de artistas como o rapper americano MosDef e o grupo britânico Incognito. Mas essa influência, é claro, começou em casa. E o Brasil viu surgir toda uma geração de artistas e bandas que entrariam na brincadeira de mesclar MPB e o bom e velho samba com pitadas do soul norte-americano. Uma ideia que ganhou força ainda nos anos 70 repercute até hoje, no surgimento dos bailes charme, do hip-hop no Rio e em São Paulo e do funk carioca.
Por isso, não é exagero dizer que a Black Rio é parte de um movimento. Ele teve início nos primeiros bailes de black soul, na época espalhados por bairros suburbanos do Rio. Era a busca por uma nova expressão de comportamento e de costumes, a afirmação do orgulho negro, contra o preconceito racial e totalmente a favor da dança e da música como formas de libertação. Não demorou muito para que, já em meados dos anos 70, a imprensa enxergasse essa onda como um fenômeno de massa. Os bailes e seus DJs (na época conhecidos como discotecários) eram a mola mestra do movimento: alcançavam outros pontos da cidade e concentravam um público que ultrapassava a marca de mais de 10 mil pessoas em cada evento.
Com essa mesma motivação, o evento promovido pela Natura e pelo Sesi Cultural em Petrópolis vai além da música, reunindo também uma exposição de fotos de Almir Veiga, pautada pelo livro “1976 – Movimento Black Rio 40 anos”, dos jornalistas Zé Octávio Sebadelhe e Luiz Felipe Lima Peixoto. A obra celebra as quatro décadas do auge do Movimento Black Rio e traz novo olhar sobre o impacto social, político e cultural na articulação de grupos de consciência negra e a influência na indústria da música no Brasil.
Publicada pela José Olympio Editora, a obra celebra um movimento social que influenciou todo o Brasil desde os anos 60, quando o Rio de Janeiro viu surgir uma manifestação entre os jovens negros e mestiços que transformaria o som da Cidade Maravilhosa. A história real é protagonizada pelos blacks ou browns (tratamento utilizado entre os frequentadores dos bailes de soul nos anos 1970), sua música, suas danças, suas gingas, suas roupas, seus cabelos, seus sorrisos e, mais do que tudo, a sua consciência e espírito de liberdade.
O show em Petrópolis faz parte da turnê de lançamento do livro, que chegou às livrarias em 06/09. A banda Black Rio passará ainda pelo Teatro SESI Macaé (27/10), Teatro SESI Campos (28/10), com encerramento da temporada no Teatro SESI Itaperuna (29/10).
Serviço
Banda Black Rio
Data: 30/09/2016 (sexta-feira)
Horário: 20h
Local: Theatro D. Pedro
Endereço: Praça dos Expedicionários, s/nº – Centro Histórico – Petrópolis/RJ
Ingressos: R$34 (inteira) e R$17 (meia)
Classificação: 16 anos