Turismo Cervejeiro — Vamos nessa?
- Por Ana Pampillon, turismóloga, sommelier de cervejas, coordenadora da Rota Cervejeira RJ e atuante no mercado de lúpulo brasileiro.
Cursei Letras, tradutor/intérprete, depois veio o Turismo. O Turismo veio na época em que trabalhava como comissária de bordo na Varig (bons tempos!) e sempre pensava que tinha que estudar , enquanto engrenava em um novo trabalho.
Por oito anos fiquei entre voos nacionais e internacionais.
Pausa… Filhos pequenos, trabalhos mais normais, as responsabilidades de uma jovem mãe me fizeram ficar em terra firme.
Há mais de 15 anos, 10 anos pós-aviação, entrei para o mundo cervejeiro, passando por diversos setores na montagem de uma grande fábrica. Nessa ocasião, comecei a estudar RH, pois achava que tinha que aprender sobre “gente”, uma vez que estava formando equipes, capacitando e aprendendo o tempo inteiro no chão de uma fábrica. Aliás, aqui, meu desafio inicial, foi de compradora e, claro, lá fui eu para minha primeira viagem cervejeira, com a missão de adquirir insumos em uma grande feira em Nuremberg, na Alemanha.
A mosquinha de viagens já tinha me picado, e, depois dessa viagem, a picada da mosquinha cervejeira foi fatal. Na sequência, vieram os cursos mais voltados para esse universo, quando também senti a necessidade de saber mais, à medida que me apaixonava mais e mais pelo líquido sagrado.
Fiz cursos de cerveja artesanal, foram três no total, com grandes mestres. Depois veio o curso de sommelier e, por fim, o de mestre em estilos — neste ainda falta passar pela bendita banca!
E em que ponto o turismo e a cerveja se cruzaram no meu caminho?
Foi em 2014, quando a Região Serrana do Rio sofria o impacto das grandes chuvas na tragédia de 2011 e as cidades que viviam do turismo se viram praticamente sem turistas. Um berço esplêndido de cervejas boas e a cabeça engenhosa de um grande empresário fizeram parar em Brasília um projeto de turismo cervejeiro, para fomentar economicamente toda a Região Serrana, unindo quatro municípios, grandes e pequenas cervejarias, seis na época.
Neste momento, juntar em uma mesa grandes cervejarias foi um superdesafio. Mas foi lindo!
Superada a fase inicial, tudo correu muito rápido, a partir da formação da Associação Turística das Cervejarias e Cervejeiros do Estado do Rio de Janeiro (Accerj-TUR). Hoje somos 23 cervejarias associadas, com possibilidade de, até o final de março, atingirmos o número de 30 cervejarias.
Onde eu entro nessa história? Ahhh… a paixão por cerveja e a paixão por viagens me fizeram colocar esse projeto debaixo do braço e trabalhar por ele, fortalecendo o associativismo e ajudando essas cervejarias a formatarem produtos para serem colocados nas prateleiras das agências.
Hoje o turismo cervejeiro tem trazido muita gente para essa região, na mesma medida que outras regiões estão antenadas ao que acontece na Serra Verde Imperial. Tanto que, vez ou outra, tenho o prazer de ser convidada por outras cidades do país e de fora do país para falar desse lindo projeto.
Falar de turismo cervejeiro virou outra grande paixão e vou dividir com vocês muitas aventuras, cervejeiras e não tão cervejeiras, mas que, com certeza, farão vocês terem vontade de beber na fonte.
Prosit 🍻
*Artigo também publicado na REVISTA DA CERVEJA